não sei bem o que dizer acerca de ti nem como explicar quem és e quem somos sem enrolar-me muito com as palavras, sem escrever um testamento enorme, por isso, vou começar pelo mais simples.
Não me lembro exactamente de quando nos conhecemos a sério. Devíamos ser bebés, acho eu, porque a tua avó e a minha tia-avó eram as melhores amigas, as nossas mães cresceram juntas como irmãs e nós estamos aqui para o que der e vier.
Sei que devia ser final de Primavera ou princípio de Verão quando te conheci "a sério", quando brincámos juntas pela primeira vez. Acho que simpatizámos logo uma com a outra, não havia como não simpatizar com aquela menina com cabelos castanhos e de grandes olhos verdes amendoados que me sorria timidamente quando me disseram: esta é a R., querem ir brincar juntas? E eu, criança solitária olhei para ti e assenti, perguntei-te se querias brincar com Barbies (porque nós somos ainda hoje fãs desse género de coisas). Tu olhaste espantada, abriste os olhos e lançaste-me um grande sorriso, e desatámos a falar como duas matracas...E os dias daquele Verão eram passados a brincar com as Barbies, a correr pelo maior jardim da cidade, na casa da tua avó, da minha, entre grandes lanches e conversas muito sérias para a nossa tenra idade.
Quando se aperceberam do quanto nós gostávamos (e gostamos) uma da outra , as nossas mães e a tua avó sorriram (e sorriem) sapecas, afinal, como nós, eram a Gabriela e a Idália, uma morena e outra aloirada, um par de olhos mel e outro verde, a sorrirem como velhas conhecidas. Porque é essa a sensação que eu tenho R., quando estamos juntas, quando estamos separadas, quando olhamos nos olhos uma da outra, é a sensação de quem se conhece há muitas décadas.
Nalgum ponto do caminho, crescemos, começaste a desabafar comigo e eu contigo, as coisas mais pequenas, as maiores, as lutas, as conquistas, as perdas, as paixonites. Vemo-nos pouco por vivemos longe uma da outra mas tu és aquela ausência que é uma presença constante, onde quer que eu vá, esteja como estiver. Entre jantares, tardes, serões, madrugadas viradas, fins-de-semana em casa de uma ou de outra, cinemas, conversas, a nossa amizade vai crescendo, crescendo, ao ponto de eu não me imaginar sem a tua presença na minha vida. Com todas as nossas diferenças de opinião (que nunca geraram uma discussão), com o choro e o riso compartilhados, os medos e os anseios.
Cada vez mais, mais parecidas, compreendendo-nos uma à outra, sempre com anos a mais para a nossa idade, sempre como se nos conhecêssemos há eras, tu foste deixando de ser a minha melhor amiga, e hoje és a minha irmã. Obrigada por te deixares cativar e por me cativares também!
Por tudo isto, não saberia viver sem ti.
Um grande beijinho, com todo o amor da tua irmã,
J.
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